
Roberto Requião assumiu o governo do Paraná, em 2003, com o compromisso de frear a violência, mas a insuficiência de ações não eliminou os problemas acumulados. “É o mesmo que acontece com uma doença. Quando ela não é tratada, não é extinta, passa a crescer”, define o sociólogo Lindomar Bonetti, da Pontifícia Universidade Católica do Paraná.
Diferentemente dos dois governos Lerner, nos mandatos de Requião, entre 2003 e 2010, houve estabilidade na pasta da Segurança Pública. O próprio governador ocupou o cargo nos cinco primeiros meses. Depois disso, o então promotor Luiz Fernando Delazari assumiu a pasta e ficou até o fim do governo.
O governo iniciou mais projetos e retomou outros, ligados principalmente ao policiamento comunitário. Foram ações como a ativação dos Conselhos Comunitários de Segurança (Consegs) e do Policiamento Ostensivo Volante (Povo). “O projeto [de polícia comunitária] é interessante, aparenta trazer democracia e modernização. Mas, quando ele encontra a realidade, é bem diferente. O modelo muda pouco e não enfrenta as causas da violência”, afirma Pedro Bodê, sociólogo e especialista em segurança da Universidade Federal do Paraná (UFPR).
Para Paulo Pedron, do Instituto de Defesa dos Direitos Humanos, a maior falha foi a falta de políticas preventivas. “A gestão teve duas facetas: uma foi o combate ao crime organizado e à corrupção, e nisso ele foi bem. O lado negativo foi em torno da prevenção do aumento da violência, que teve pouquíssimas políticas sérias e sustentáveis.”
Delazari diz que seu grande desafio ao assumir era combater a corrupção policial. “Cheguei com dois grandes desafios, acabar com a corrupção e melhorar a estrutura. Tínhamos contas não pagas que deixavam várias delegacias sem funcionar adequadamente, sem gasolina para as viaturas, e até sem telefones”, descreve. Ele diz que aumentou o efetivo policial, colocou as contas em ordem e avançou no mapeamento do crime e na prestação de informações públicas. Em relação a esse ponto, Bodê diz que, além de não contar com dados próximos da realidade, a secretaria não sabe como agir frente a eles. “A eficácia das políticas e ações planejadas é muito pequena.”
Desde o início do governo os números da violência continuaram a subir. O Mapa da Violência do Ministério da Justiça mostra que os homicídios passaram de 2.226, em 2002, para 3.453 em 2008 – crescimento de 55,1%. Delazari contesta. “Quem tem um trabalho para produzir esses dados é o governo estadual. Qualquer levantamento que apresente outros resultados é mentiroso”, diz. Os dados são baseados em informações do Ministério da Saúde. Os números da Secretaria de Segurança não melhoram a situação: entre 2007 e 2010, houve um aumento de 23,7% no número de homicídios. Em 2010, a taxa fechou com 31,3 casos para cada grupo de 100 mil habitantes.
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